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Um novo olhar para o brincar

17 de junho de 2021

Um novo olhar para o brincar

Quantas vezes ouvimos a expressão “para com isso, é brincadeira”, ou quando uma criança chega nos ofertando um bolinho de areia e alguém diz “é comida de mentirinha”. Essas falas são comuns em alguns contextos, e se colocarmos reparo ambas as expressões se referem, mesmo que de modo inconsciente, ao brincar como algo irrelevante e até desprezível, mas já pararam para pensar na importância do brincar?

Percebam que as crianças brincam o tempo todo, explorando e investigando o mundo que nos rodeia, o qual para elas é um espaço de novidades, surpresas e descobertas, para elas brincar é uma necessidade vital, ainda mais nesse período inaugural da vida. Os bebês brincam mesmo antes de nascer, ainda no ventre da mãe, com seus pezinhos e mãozinhas.

No Vivência e Convivência o brincar está presente em nosso cotidiano e o entendemos como um dos principais meios de expressão infantil, e por aqui ele ocupa a maior parte do tempo da infância. Em nossa concepção as crianças são sujeitos históricos e de direitos, protagonistas de seus processos; são capazes, pensantes, investigativas, elas imaginam, observam, experimentam, constroem sentido e a partir de suas ações e interações ampliam seus repertórios brincantes. Sendo assim, disponibilizamos à elas tempo, liberdade, confiança, potentes materialidades e um espaço seguro, repletos de momentos de livre brincar, o que não quer dizer que seja algo sem planejamento, supervisão ou sem reflexões prévias.

Ao logo dos nossos processos formativos, de nosso fazer docente e principalmente do resgate às nossas infâncias, notamos que nesses momentos, sem a interferência ou a direção do adulto, construímos com os pequenos vínculos de confiança, criatividade e autonomia. Por diversas vezes recebemos visitas em nossa unidade que nos questionam: “Eles só brincam? A professora não vai ensinar a brincadeira? É assim solto?”. Sim, as educadoras garantem que o brincar aconteça, planejam espaços, pensam interações e disponibilizam materialidades potentes e especialmente observam e praticam a escuta sensível, de crianças que merecem ser ouvidas em sua máxima expressão.

Notamos que são nesses momentos que geralmente ocorrem o encantamento, onde os meninos e meninas nos convidam a notar o belo, o singelo, as miudezas e inteirezas, e demonstram suas formas de pensar, comunicar, de interpretar o que vivem e de agir sobre o mundo. Essas observações se transformam em registros, são refletidas e muitas vezes apontam caminhos para incríveis projetos... Mas aí é uma outra conversa...


Referência:

Secretaria Municipal de Educação. Coordenadoria Pedagógica. Currículo da Cidade: Educação Infantil. São Paulo: SME/COPED, 2019.