“Desvendando a autoestima: mas afinal, o que é isso?”
04 de setembro de 2025

Autoestima é um daqueles termos que todo mundo meio que sabe o que é, mas não sabe explicar muito bem. A gente pode até dar uns exemplos, como “quando eu atinjo um objetivo, fico me sentindo muito bem, minha autoestima vai lá pra cima!” ou “autoestima é quando eu me sinto bem comigo mesmo”.
Isso não está necessariamente errado, mas está incompleto. Eu acho que se a gente compreender um pouco melhor o que de fato é a autoestima, podemos agir de maneira mais consciente na criação dos nossos filhos, ajudando-os a cultivar uma autoestima realmente saudável.
Bom, vamos então começar a falar da autoestima da criança. Podemos começar falando que ela é dividida em 3 partes: 1-) o que a criança sabe fazer; 2-) o que ela pensa sobre si mesma; 3-) o que ela acha que os outros pensam dela. E todas essas partes se influenciam mutuamente.
Mas calma, vamos devagar. Comecemos pelo primeiro tópico.
A forma como nos enxergamos depende bastante da forma como transitamos no mundo, o que fazemos, como contribuímos. Aqui entram as habilidades da criança, por exemplo. Alguma vez a criança de vocês já se mostrou super feliz porque ajudou a fazer o jantar? É algo mais ou menos por aí. Ao ser requisitada, ela tem a habilidade necessária de, por exemplo, cortar alguma coisa, ou temperar uma salada, fazer um suco etc. Isso tudo ajuda ela a ter sucesso nas empreitadas da vida. Portanto, os estímulos que damos para a autonomia da criança tem um papel crucial nessa parte.
O segundo tópico se refere a forma como a criança enxerga a ela mesma. Essa mesma criança que ajuda no jantar, ao ser elogiada, encorajada e agradecida pela família, pode desenvolver uma crença positiva sobre si mesma. Por exemplo, ela pode pensar “sou uma pessoa prestativa”, ou “sou capaz de fazer coisas boas”. Essa é a maneira como ela se enxerga, e isso é ótimo para a autoestima dela. Agora, o contrário também é verdadeiro. Se uma criança é constantemente criticada, a crença que se desenvolve pode ser “eu não sou capaz de fazer nada certo” ou ainda “sou uma pessoa burra”.
O terceiro tópico é sobre como a criança acredita que os outros a enxergam. Então, se ela consegue fazer coisas boas, é independente e é encorajada pela família, ela pode passar a acreditar que as outras pessoas a percebem de maneira positiva. Uma mãe que trata a criança bem ajuda ela a criar as seguintes crenças: “as pessoas gostas de mim”, “sou capaz de ser amado pelos outros”, “as pessoas me acham bom o suficiente”. Caso contrário, ela pode desenvolver crenças como “ninguém gosta de mim de verdade”, “as pessoas me acham atrapalhado” ou “os outros me acham um idiota”.
Então a autoestima está pautada nesse conjunto de fatores. Precisamos trabalhar todos eles ao mesmo tempo. Aliás, acho meio impossível que se trabalhe eles separadamente. Quando ensinamos algo novo para a criança, damos a ela a oportunidade de colocar em prática, a encorajamos e ajudamos quando necessário e ainda reconhecemos que ela é importante, pronto, está armado o ambiente perfeito para o desenvolvimento da autoestima dela. Quando a acolhemos em um momento de dificuldade e correção (quando morde e agride um colega na escola, por exemplo) e a ensinamos de maneira amorosa, mostramos alternativas de comportamento saudável e a ajudamos a resolver o problema, ela não entra em um ciclo nocivo de culpa e vergonha. E adivinha? Isso é maravilhoso para a autoestima dela.
Eu acho que agora ficou mais claro como podemos trabalhar a autoestima na nossa criança. Mas, fica aqui uma dica: a criança aprende muito pela observação. Se nossa autoestima é alta e saudável, ela irá aprender a viver de forma semelhante. E (advinha de novo), o contrário também é verdadeiro.
Henrique Costa Barros (CRP: 06/210223)
Psicólogo Clínico e Educador Parental do Vivência e Convivência
@psi_henrique.costa