Limite, amor e estímulo... Como ter certeza de que estamos fazendo o certo?
13 de agosto de 2025

Acredito que muitos de nós temos dificuldade de delimitar o que fazer e o que não fazer no dia a dia para uma boa criação de filhos. Como ter certeza de que estamos fazendo o certo?
Bom, certeza, certeza, nunca teremos. Infelizmente. A gente faz o melhor que dá, dentro das nossas condições, e torce pelo bom resultado. Sei que isso pode até causar certo incômodo, mas acho que não foge muito disso.
Ok, mas podemos sim fazer o que está em nossas condições, certo? Podemos estudar, aprender, conversar, usar nossa intuição, nossa história e outros recursos. Esses textos são para isso, inclusive.
Então, hoje vou tentar oferecer para vocês uma espécie de bússola, de norte. Acho que se tivermos em nossa mente 3 princípios, estaremos (na maior parte das vezes) amparados. Eles são: limite, amor e estímulo. Vamos falar de cada um deles.
Começando pelo limite, podemos entender rapidamente a importância dele. Primeiro que vivemos em sociedade e a maior parte das relações se estabelece pelo que se NÃO PODE fazer. Logo, estamos constantemente lidando com forças que nos limitam, e isso é bom. Se não fossem essas regras, a vida seria um verdadeiro caos.
Uma criança que entende limites tende a se tornar uma pessoa mais respeitosa e de bom trânsito em todos os meios sociais e relações. Um outro benefício de se entender limites desde cedo são as diversas oportunidades de aprender a lidar com frustrações. Vamos levar para um lado mais “extremo” (mas infelizmente, não tão incomum): se olharmos para alguns exemplos de homens adultos que não aprenderam essas coisas ao crescerem, nos deparamos com marmanjos que constroem relações abusivas com mulheres. Ou seja, um sujeito que não entende seus limites, torna-se um sujeito que não respeita o espaço e a opinião do outro. Se torna um sujeito que tem muita dificuldade de lidar com a dor de ouvir o “não”. Alguma semelhança com esse tipo de homem adulto abusivo que mencionei?
O amor é o segundo ponto para onde olharmos. E uma coisa que precisamos ter em mente é que o amor é antes de tudo uma prática. Isso quer dizer que ele não vive só de ideias. Ele precisa ser dito, vivido e experienciado. Então, o amor não pode ficar restrito à mente ou ao coração. Ele tem de sair pela boca e pelas mãos.
Como expressamos o amor no dia a dia? Como de fato temos certeza de que nossos filhos sabem que a gente os ama? O que estou fazendo para desenvolver nossa relação nesse sentido?
Já temos muitos outros textos e áudios sobre como fazer um cotidiano mais amoroso. Vale a pena darem uma olhada.
Por último, o estímulo. Acho que podemos definir estímulo como aquilo que faz algo acontecer ou se modificar. Levando isso para o cotidiano de uma criança, podemos entender estímulo como aquilo que faz a criança passar do estado A para o estado B, ou ainda agir de determinada maneira.
De que forma nossos filhos estão sendo estimulados? Estamos saindo de que padrão e caminhando para qual outro? Vale a pena nos perguntarmos isso. A melhor alternativa é ajudá-los a migrarem para a autonomia, para o desenvolvimento de habilidades valiosas para uma vida feliz. Ele está aprendendo o que precisa? Com que frequência proporcionamos oportunidades de aprendizado?
Agora, se pegarmos tudo isso, podemos começar a delimitar um pouco mais. Vai ficar meio abstrato agora, mas vamos lá. Como estimular meu filho de maneira amorosa e dentro de limites apropriados? Ou, como estabelecer limites claros e firmes, mas de maneira amorosa? Ou ainda, como estimular meu filho a entender limites?
Se a gente entender as coisas de maneira separada, talvez fique mais fácil juntar tudo depois. Por exemplo, existe uma ferramenta que cabe muito bem nisso, chama-se “eu te amo e a resposta é não”. Ela consiste, literalmente, em falar isso para a criança que está tendo dificuldade de receber uma negativa.
Imagine uma criança que queira comer sorvete antes do jantar e já foi informada da impossibilidade. Ela chora e insiste, e ainda diz que a mãe é chata. Uma resposta bacana, amorosa e respeitosa seria: “eu entendo que você queira sorvete agora, mas não é possível. Eu te amo e a resposta é não”.
Para desenvolver estímulo de autonomia e decisão, ainda se poderia terminar com a ferramenta de escolhas limitadas (temos texto sobre ela também): “depois do jantar você pode comer. Você prefere o de chocolate ou de morango? Vai comer no pote ou no prato? Com a colher azul ou vermelha?”.
A parentalidade nunca vai ser o tempo todo fácil, mas é possível deixar ela um pouco mais leve e tranquila se tivermos em mente algumas coisas importantes. Amor, limite e estímulo são algumas delas.
Henrique Costa Barros (CRP: 06/210223)
Psicólogo Clínico e Educador Parental do Vivência e Convivência
@psi_henrique.costa